quarta-feira, 24 de março de 2010

Kabalah


“As palavras desse texto são luminosas e cintilantes, mas o seu
brilho pode cegar.” Rabino Moses Cordovero (1522-1570).

“E agora, eles realmente não vêem a luz; Ela está brilhando no céu nublado. Quando o próprio vento passou e procedeu a limpá-lo.” Salmos 37:21

A grande maioria dos autores se limitam ao universo da Kabbalah judaica, na verdade é muito difícil tratar de Kabbalah sem mencionar o judaísmo. Mas a Kabbalah é muito anterior a qualquer instituição humana.

A questão da Kabbalah judaica ser confundida com a Kabbalah em si, está em que o judaísmo é a única religião que preserva “explicitamente” a Kabbalah, enquanto que as outras religiões estão estruturadas e basiladas pela Kabbalah, porém esse conhecimento foi perdido pela grande maioria dos oficiantes dessas religiões.

O caso das Ordens esotéricas, é semelhante, qualquer Ordem esotérica autêntica é estruturada e basilada pela Kabbalah, a diferença é que somente os dirigentes e estudantes mais antigos ou
mais estudiosos sabem disso.
Para sermos objetivos a Kabbalah tem sua origem no Plano Espiritual e é manifestada neste plano de existência através das Ordens esotéricas, religiões reveladas e mentes afins com a vontade divina.
Esse é um ponto importante que deve ficar fixado na mente dos estudantes mais desavisados que pensam que seja necessário ou imprescindível que se estude todos os livros sagrados do judaísmo ou atinja os últimos graus das ordens esotéricas para “receber” o conhecimento Kabbalístico. Na verdade todo esse material é muito rico e muito instrumental para essa jornada, mais pôr incrível que pareça podem ser dispensados se a sua vontade é forte em servir a Deus.
Muitas mentes kabbalisticamente acionadas pôr Deus para fazer o bem na Terra, nunca ouviram falar em Kabbalah.


“ Se desejas compreendê-la, não a compares a nada daquilo que conheces.” Saint-Martin ( O Homem de desejo, p.26)
Os estudiosos classificam a Kabbalah como o conhecimento místico do judaísmo, os esotéricos traduzem a Kabbalah como “Tradição”, ou seja, um conjunto de Leis Universais das quais derivam o conjunto de leis que manifestam a matéria.
Mas a tradução mais adequada parece ser a dada pelo Dr.Philip S.Berg que diz que Kabbalah vem do verbo Kabal(receber), logo Kabbalah seria o ato, a vontade, o desejo de receber as chaves do mistério da vida, a iluminação : “ O desejo de receber afeta à toda criação porque é a base de toda a criação.”(Berg, 1989,p.28).
Baseado nessas afirmações podemos dizer que Kabbalah é um conhecimento subjetivo adquirido através da meditação e aplicado nos pensamentos, palavras e ações do cotidiano. Seria algo aproximado do que hoje é classificado como inteligência emocional ou um conjunto mais completo como é o caso das inteligências múltiplas.

“ Até mesmo a escuridão não se mostraria escura demais para ti, mas a própria noite se iluminaria como o dia; A escuridão bem poderia ser a luz.” Salmos 139:12
Mais qual é a finalidade de se receber uma iluminação? Seria essa iluminação a tão procurada felicidade? Talvez, mas a finalidade mais imediata da Kabbalah parece ser a luta contra a ignorância e a superstição, tanto do mundo físico, como do mundo metafísico. Essas lições podemos tirar da vida de Kabbalistas que receberam algum grau de iluminação e a aplicaram em suas vidas, como é o caso do rabino Shimon bar Yohai : “Ele lutou ao largo de toda sua vida para introduzir luz em lugares onde a ignorância e a superstição reinavam, para tornar o mundo metafísico, bem como o físico, compreensíveis, e para ligar todos os níveis da existência, com o objetivo de revelar um mundo de verdadeira beleza e harmonia.” (Berg, 1989.p.40-41)
Podemos concluir que a Kabbalah é um reservatório invisível de um material subjetivo que nos transmiti luz, fé , esperança, otimismo e amor. É a fonte da água viva que mata a sede da busca de Deus, do Desejo de receber: “a essência da esperança e do otimismo, desenvolve-se a partir da crença indelével de que haverá um triunfo eventual da harmonia sobre a confusão no mundo, do amor sobre o ódio, e em última instância, uma vitória da justiça e bondade sobre a opressão e a cobiça.(...) e depende da disseminação do verdadeiro conhecimento, a sabedoria da Kabbalah.”(Berg,1989.p.68)

“ O trabalho kabbalístico consiste em possibilitar-nos o conhecimento de todos os Mundos, atuarmos neles e em conjunto e ajudarmos na educação de Adão Kadmon.” Shimon Halevi ( O trabalho do Kabbalista,p.22)
Segundo a Tradição Kabbalística, no princípio só havia Deus, o Nada Absoluto, o AYIN, então Ele desejou ver a si mesmo e para isso se contraiu para que o espaço que deixou se tornasse a Existência, o Tudo Absoluto, o AYIN SOF. Esse Tudo Absoluto precisou de uma estrutura para manifestar-se harmoniosamente, para isso formou-se, dentro do próprio Tudo Absoluto um esquema chamado Árvore da Vida, numa seqüência de quatro Mundos ou realidades interconectadas chamadas:

Mundo da Emanação = Aziluth

Mundo da Criação = Beriah (Gênesis 1)
Mundo da Formação = Yetsirah (Gênesis 2,7)
Mundo da Ação = Asiah (Gênesis 3,22)
Cada Mundo possui dez “vasilhas” ou “receptáculos” que recebem a luz divina e a fazem circular pelo universo, essas vasilhas são chamadas de sephiroth. Cada Mundo é uma cópia semelhante ao outro diferenciado apenas na vibração espiritual que se aproxima de Deus.
Essa conexão entre os quatro Mundos é conhecida como a Escada de Jacó, e está interiorizada dentro de cada ser humano, e também em cada reino ou planeta, em cada manifestação de Deus
ou do ser humano em conexão com a vontade divina. Assim esses quatro mundos representam também as quatro interpretações da bíblia : a literal (letra - Ação), alegórica (espírito - Formação), metafísica (Alma humana - Criação) e a mística (Alma divina - Emanação).
Essa estrutura kabbalística do Universo é representada alegoricamente pela passagem de Adão e Eva e Caim e Abel.
Em todos os planetas do Universo se repetem, de acordo com o seu nível espiritual, a saga de Adão e Eva, que representam um arquétipo Universal da alma jovem, ingênua ou recém caída na
matéria, Caim e Abel representam o caráter ou o nível espiritual da humanidade que vem ao plano físico, sendo Caim as almas de menor freqüência espiritual porque seus desejos são dominados pela matéria, enquanto que Abel representa os de maior freqüência espiritual.

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